quarta-feira, 3 de agosto de 2011

COMO SE ENSINA A SER MENINA


Com base no livro de Montserrat Moreno, "Como se Ensina a Ser Menina", da Editora Moderna, 1999, observei no livro didático Porta Aberta, FTD, o que se repete há anos, mesmo com os PCNs e as políticas públicas em educação para eliminar a assimetria e os estereótipos de gênero.

No texto acima, vejam que a representação da mulher, na figura de Dona Traça, está associada à afetividade - "preferido" e "adoro" - além de contar com o desenho do coração vermelho ao seu lado ratificando a ideia de amor, generosidade e bondade (a contradição é envolver tais sentimentos à destruição). Já a representação do homem, representado pelo vagalume, está associado ao conhecimento, à racionalidade, aquele que ilumina (ecos da visão da modernidade em que luz - daí iluminismo - significa(va) conhecimento e poder). No vagalume, a ausência de palavras que sugerem  relação afetiva, além do seu olhar distanciado para a lanterna, aventa a ideia de objetividade. Já a traça aparece mirando um dicionário que sorri para ela e a quem ela dirige um olhar apaixonado, com um coração a mostrar o seu sentimento.

Observe-se ainda que a traça e o vaga-lume não possuem o mesmo valor, já que a traça é vista negativamente, como destruidora, e o vaga-lume, positivamente, sem marcas de estrago, ao contrário, conduzirá o leitor ao brilho, à vitórias.

Deste modo, esta representação dos gêneros ajuda a sedimentar a naturalização da emoção, como atributo da mulher, e da razão, como atributo do homem.

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