segunda-feira, 2 de maio de 2011

CINEMA PARA ADOLESCENTES

Os filmes feitos para o público adolescente são quase que centrados nos seus espaços de socialização, em sua grande e absoluta maioria trata-se de uma experiência urbana, direcionando os espaços da família e a escola. Tenho em mente algumas películas em que os protagonistas são adolescentes: Os Incompreendidos, de Trauffaut; Grease (no tempo das brilhantinas), Mudança de Hábito, Crepúsculo, High School Musical, 17 Outra vez, Sexta-feira 13, Alvin e os Esquilos 2, entre vários outros. Alguns são mais focados na família, quando se quer tensionar as relações interpessoais entre pais e filhos, já outros são mais centrados na escola, quando se quer mostrar os conflitos das relações para além das familiares e a escola aparece majoritariamente como o espaço do exercício da maturação afetiva, das construções conceituais sobre a vida e das vivências e rituais que fazem parte desta fase da vida, tendo em vista sempre que os filmes tentam representar uma experiência específica: a urbana.
Mas de que forma a escola aparece nestes filmes?
Em Os Incompreendidos, a escola é opressora, tolhe a criatividade e menospreza o aluno. Em tempos de bulliyng, diria que a escola em Truffaut é a protagonista do constrangimento por parte do abuso de poder dos professores e o final aberto do filme, com o olhar em close up do protagonista que corre para o mar e se vira para mirar a câmera, nos coloca diante de uma dúvida quanto ao destino da personagem, já que este “final” é transferido para o espectador, talvez como provocação, no sentido de também responsabilizá-lo pelo o que pode vir a ser.  Nos musicais, trazendo para uma referência temporal mais próxima, a escola aparece como espaço de múltipla experiência: o amor, a amizade, a inveja, as disputas, a traição, enfim, vários sentimentos podem ser vividos no espaço escolar através das relações com os seus membros. As comédias com fundo moral, como Mudança de Hábito, tentam resgatar alunos pobres da marginalidade social através da música. Aliás, não são poucos os filmes que tentam, através da arte (literatura, teatro, dança, música, etc.) mudar o comportamento dos alunos. Além de Mudança de Hábito, podemos citar Um Amor para Recordar (romance), Vem Dançar (drama), Sociedade dos Poetas Mortos (drama), O Sorriso de Monalisa (drama), entre outros.  Em quase todos, mostra-se os conflitos dos adolescentes com a família, com as questões sociais e identitárias, com as regras sociais estabelecidas que entram em choque com os interesses pessoais dos adolescentes, ou quando os adolescentes estão tão enquadrados nos esquemas sociais que o professor aparece para devolver-lhes a irreverência perdida pelas práticas cotidianas disciplinadoras. Os filmes tentam, de forma sutil, ajustar os adolescentes aos códigos sociais ou, quando não, mesclam interesses das partes, como no filme de Liz Friedlander, escrito por Dianne Houston, Vem Dançar, estrelado por Antonio Banderas, em que a técnica do professor mistura-se ao estilo dos alunos, dando origem a um produto artístico contextualizado a partir da vivência dos alunos.
Na condição de professores, é importante que saibamos analisar esses filmes, já que eles são consumidos pelo público para o qual se destina. Mas nos vem uma questão: os filmes de fato contribuem para uma mudança de comportamento no plano real? É possível, dentro da indústria hollywoodiana, com uma estrutura narrativa tão definida e fechada, uma atitude espectatorial aberta? De que forma os espectadores vêem as “suas” representações nos filmes?