domingo, 16 de outubro de 2011

Roteiro para a produção de uma vídeoaula no curso de Pedagogia

Lúcia Leiro
Uneb

            Uma vídeoaula é um gênero textual plurissígnico muito usado nos curso de EAD, mas que também vem sendo utilizado em cursos presenciais de diferentes áreas e com diferentes propósitos. Este gênero, se usado com atenção e um bom planejamento, pode contribuir enormemente para a construção do conhecimento, desde que bem estruturado pelo aluno e professor o que requer trabalho, persistência, dedicação e atenção ao executar o roteiro.
Mas o que é um roteiro?
O roteiro, do francês route, significa rota, caminho, o que em linguagem audiovisual significa, grosso modo, o passo a passo de cada sequência do filme. Deste modo, o roteiro antecede o filme, escrito em uma arquitetura muito peculiar, a saber:

SEQUÊNCIA 1 - Esplanada dos Ministérios - Ext/dia

Um carro conversível vermelho importado atravessa o quadro, a câmera corrige e vemos a esplanada dos ministérios. Céu de Brasília estradas livres.  O carro aparece no horizonte em alta velocidade. Placa LEO 1313.
Dentro do carro, um homem bem vestido ouve um rock e dança no volante.
     

LEO
Íííííçaaaa...


Leo, feliz da vida, de camisa social e paletó no banco do lado.  Dono do mundo, ele dá uma paradinha e tira uma chinfra com os guardas da esplanada,


LEO
Vida dura.


Os guardas balançam a cabeça.

            Observe que o roteiro acima é formado pelos seguintes elementos textuais:
1) Indicação da sequência;
2) A localização;
3) O tempo;
4) Descrição minuciosa da cena;
5) Identificação da personagem;
6) Diálogo da personagem;


Esse seria um roteiro de um filme, mas como seria o de uma vídeoaula? Haveria alguma diferença?

            A vídeoaula, embora seja uma performatização, ela não se confunde com uma ficção, na medida em que não é elaborada para ser uma narrativa, embora possa fazer uso dela como recurso pedagógico. Sendo assim, uma videoaula seria composta basicamente por:

1) Indicação da sequência;
2) A localização;
3) Duração da sequência;
4) Descrição minuciosa do conteúdo a ser explicitado, incluindo a fala, a trilha sonora, iluminação, plano, ângulo, etc;
5) Identificação do professor;
6) Explicitação do professor;

            Se colocarmos esses elementos em uma tabela, teremos uma visão do resultado com maior clareza, já que o audiovisual produzido depende da construção do roteiro como facilitador para o processo seguinte pós-filmagem que é a montagem. À guisa de ilustração, vamos ver como ficaria uma videoaula sobre Fábulas (vide anexo 1). Com um bom roteiro, o diretor ou diretora do audiovisual saberá o que fazer durante o set de filmagem, pois ela (ele) seguirá, sem demora, o que está no roteiro. Saberá orientar os profissionais (iluminador, operador de câmera, figurinista, maquiador, atores) durante as filmagens guiando-se pelo roteiro. Portanto, um bom roteiro auxilia muito na realização do filme.
            O roteiro da vídeoaula tem o propósito de antecipar as imagens a fim de que no ato da filmagem os atores possam se posicionar adequadamente diante da câmera, performatizando no enquadramento a partir das orientações do diretor que segue o roteiro. Pela leitura do roteiro, é possível visualizar o que será filmado, o seu resultado. Vejam o exemplo abaixo:

Ana e Eline entram na biblioteca. Câmera na mão filma as duas pelas costas. Movimento 90º da câmera. Tomada de perfil. Plano médio (cintura pra cima). Elas tateiam os livros e Ana tira um deles da estante, o de La Fontaine. Corta. A câmera pega em plongée, por cima do ombro de Ana as páginas do livro aberto na fábula A Cigarra e A Formiga. Corta. (Lúcia Leiro)

            Com este trecho, podemos construir a cena mentalmente e ter uma ideia de como ela ficaria em linguagem audiovisual, isto é, a partir do enquadramento, da angulação e do movimento de câmera, além da linguagem verbal. Na verdade, a cena já está mentalmente formada, o que o roteirista faz é transformá-la em texto linguístico para depois ser filmado. Vocês poderiam me perguntar: se a imagem já está mentalmente formada, para que o roteiro? A questão é que o roteiro é um guião, um condutor, mas isso não significa que na hora de filmar ele não sofra alterações. Na condição de fio condutor da filmagem, o roteiro funciona como a memória, já que o diretor ou diretora pode vir a se esquecer de suas primeiras ideias iniciais e das teias textuais que se enredaram para compor o texto fílmico.
            Com a memória filmada, é hora de editar o vídeo, retirando excessos, ruídos, e enxertando outros textos, a exemplo das imagens e das músicas, mas eles já devem aparecer no roteiro para ver em que momento elas devem ser inseridas pelo editor (ou montador).
            Um elemento importante no roteiro é o tipo de linguagem a ser usado pelo atores. Formal ou informal? Expositiva ou dialogada? E o seu vestuário? Formal ou despojado? Maquiagem natural ou carregada? Enfim, há que se atentar às falas dos atores, isto é, do conteúdo a ser dito, mas deve-se cuidar também dos aspectos performáticos a fim de que se cumpra o efeito esperado no leitor do audiovisual, afinal, como videoaula, o autor ou a autora do vídeo quer que ele seja visto e que o seu propósito seja alcançado e para isso é necessário que primeiro o vídeo seja atraente.
            Com esta breve explicação sobre roteiro, escolha um aspecto dos livros de Maria José Palo e Ligia Cadermatori e defina como irá apresentá-lo. Elabore a tabela e preencha cada uma das etapas, em seguida envie para: Lúcia Leiro ltleiro@gmail.com, com cópia para elineforever@hotmail.com (Eline Teles-LF) ou anabrigida18@hotmail.com (Ana Brigida-SSA)

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