Como todo filme endereçado ao público infantil, é inevitável que dois espaços sejam evidenciados na narrativa fílmica: a família e a escola. Vou enfatizar a última.
O desenho animado Alvin e os Esquilos 2 trata da história de três esquilos irmãos liderados por Alvin. Depois de obterem fama, os esquilos são matriculados na escola, o que não é bem visto pelos pequenos artista. A ida para a escola trouxe uma série de problemas para os roedores, pois, devido a fama, eles começaram a ser o centro das atenções, incomodando os garotos que os viam como ameaça. As perseguições iam da coerção verbal até a violência física, como a tentativa de afogar um deles no vaso sanitário. Diante da popularidade dos esquilos, os garotos começaram a mudar a estratégia: nas aulas de educação física, o que parecia uma atividade normal ganhava contornos violentos, gerando uma ambiguidade já que os esportes competitivos exercitam, de uma certa forma, a agressividade.
Com isso os esquilos começaram a evitar a escola e, mesmo quando iam, se escondiam, temerosos de serem encontrados pelos garotos.
O desenho animado registrou uma das práticas mais comuns nas escolas - o bullying. Em quase todos os filmes destinados ao público em fase escolar, é comum a referência aos rituais de aceitação grupal. A formação de grupos e a disputa por territórios caracterizam as experiências de socialização das crianças e adolescente no ambiente escolar que veem no bullying uma forma de demarcar poderes. Este poder tem muitas faces, a saber: a mais bonita, a mais inteligente, a mais popular, a melhor nas atividades esportivas, enfim a melhor e a mais em tudo e para deter o título vale qualquer coisa. A competição entra na escola como entra em qualquer lugar, sendo que na escola parece ser mais visível devido ao fato de as crianças e adolescente dissimularem menos do que os adultos
A questão é que as relações de força existem em qualquer relação social e parece ser inevitável, mas até que ponto ela pode ser considerada uma disputa "saudável"? Qual o limite? As ações coibidas pelo adulto fazem com que a criança mude de comportamento ou que ela aprenda a dissimular melhor?
Vale ressaltar que o grau e a densidade da violência são medidos por critérios que mudam de momento para momento. Se a sociedade for muito agressiva, é evidente que os critérios serão balizados pelo sentido de violência que essa sociedade gera. Os rituais sempre existiram, mas o nível de violência tem chegado a consequências alarmantes.
Oi
ResponderExcluirBastante ilustrativo seu texto sobre o bullying. É uma temática que precisa ser mencionada sempre para que ações efetivas venham acontecer.
Abços
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirO interessante é que o bullying sempre existiu, mas finalmente está sendo mais discutido hoje em dia. Quem aqui não passou por um ritual na escola constrangedor? Ouvi de uma manicure, que tem filhos pequenos na escola, a seguinte frase: "(escola) é onde filho apanha e mãe não sabe". O saber popular mais uma vez sintetiza de forma clara e precisa. No filme Juventude Transviada, um cult dos anos 50, estrelado por James Dean e Nathalie Wood há várias referências ao bullying, mas claro que eles eram jovens. Em crianças, essa questão tem sido bastante evidenciada até como extensão da violência generalizada. Sem falar na mídia que incita e depois denuncia, como se estivesse fazendo um gesto nobree, mais, apagando o seu primeiro gesto (de incitação)
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