As
avós e os avôs povoam o imaginário da nossa literatura infantil.... quem não se
lembra de Dona Benta, personagem icônica de Monteiro Lobato? A avó afetuosa e
contadora de histórias?
Pois
é, Marta Lagarta e Leo Cunha nos apresentam, em seu livro As fantásticas aventuras da vovó
moderna, uma avó bem diferente de Dona Benta: ela não usa coque, suas roupas são
alegres e não se limita a usar saias longas acinzentadas, aventais e blusas com mangas enormes. Os escritores saem do estereótipo da avó e recriam uma representação diferente que eu já tinha observado em Mamãe Bela, Mamãe Fera. Os autores nos provocam a pensar a identidade da mulher velha, avós ou não.
A avó moderna acolhe as visitas dos netos, mas esta não é a única coisa que a define. Ela é uma mulher que aproveita a vida da maneira que só com a idade avançada é possível: com calma e sabedoria. A avó de Lagarta e de Cunha é divertida, dinâmica e levemente distraída.
A avó moderna acolhe as visitas dos netos, mas esta não é a única coisa que a define. Ela é uma mulher que aproveita a vida da maneira que só com a idade avançada é possível: com calma e sabedoria. A avó de Lagarta e de Cunha é divertida, dinâmica e levemente distraída.
A
maneira de Marta Lagarta escrever é sempre um convite à leitura prazerosa porque inventiva, lúdica e rítmica. Observe neste trecho abaixo o diálogo explícito entre escritor e ilustrador:
“Eu,
que te conto essa história,
Estou
ilustre ilustrada
Na
página aqui ao lado
Dê
uma espiadiha só:
Tenho
cara de vovó?”
A
ilustração neste livro, é bom que se diga, tal como uma câmera de cinema, se movimenta a partir de diferentes
ângulos, conduzindo o olhar do leitor pelas páginas e, às vezes, se colocando no lugar deste, de
cima para baixo, como quem lê o livro em seu colo ou sobre a mesa.
Um
aspecto narrativo importante diz respeito ao tempo. O avô Astolfo é um homem
envelhecido, parado no canto, mas quando ele vai à praia e adormece debaixo do
guarda-sol, sonha com a sua juventude e começa a se ver como inventor. Este
sonho foi o suficiente para o avô remoçar porque, como já diz a música, “sonhos
não envelhecem”. Os escritores problematizam o lugar do velho na família e na
sociedade que, a meu ver, é modificado quando resolvem sair do lugar convencional. Este
movimento pode ser entendido de forma metafórica como uma mudança de olhar o
mundo e a si mesmo. O velho não é uma peça descartável como se diz por aí,
também não é uma peça de museu para ficar encostada em um canto para ser visto
e apreciado, mas é uma pessoa com muita história para viver e peripécias para contar. Vamos ouvi-los, vamos deixá-los viver?
As fantásticas aventuras da vovó moderna.
Autores: Marta Lagarta e Leo Cunha
Ilustração: Laurent Cardon
Editora: Companhia das Letrinhas
Rio de Janeiro
2016.
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As fantásticas aventuras da vovó moderna.
Autores: Marta Lagarta e Leo Cunha
Ilustração: Laurent Cardon
Editora: Companhia das Letrinhas
Rio de Janeiro
2016.
O trabalho A REPRESENTAÇÃO DO AVÔ E DA AVÓ NA LITERATURA DE MARTA LAGARTA de Lúcia Tavares Leiro está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em https://literaturaeeducacao-uneb.blogspot.com.br/2017/08/a-representacao-do-avo-e-da-avo-na.html.
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