quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

ADOLESCÊNCIA - JORNAL A TARDE

Segue abaixo a matéria publicada no jornal A Tarde no dia 01 de dezembro de 2011 sobre a adolescência.

Aumenta número de adolescentes chefes de família
Juliana Dias
Erik Salles / Agência A TARDE

Lucas Bahia vende balas nos ônibus da capital; Robson Carlos concilia o trabalho de assistente administrativo e recepcionista; Renata da Cruz é babá de um recém-nascido, e Erasmo Batista exerce a função de ajudante de mecânico. Os trabalhos descritos acima condizem com a realidade de milhares de brasileiros, mas a condição social desses adolescentes os tornam, precocemente, as principais fontes de sustento da casa.
A troca de papéis, que transforma meninos e meninas entre 10 e 19 anos em chefes de família, é uma realidade em 793 mil domicílios, segundo dados preliminares do Censo 2010. A responsabilidade assumida, incompatível com as idades desses brasileiros em início de vida, é uma das quatro preocupações – e que devem ter atenção especial – listadas pelo relatório Situação da Adolescência Brasileira 2011 – O direito de ser adolescente: oportunidade para reduzir vulnerabilidades e superar desigualdades, lançado nesta quarta, 30, pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
A partir da evolução de dez indicadores (2004 a 2009), a publicação apresenta nove vulnerabilidades (veja em texto abaixo e na página ao lado) às quais os 21 milhões de adolescentes entre 12 e 17 anos (11% da população) estão expostos, além das quatro desigualdades que aprofundam os fatores que afetam o desenvolvimento: cor da pele, gênero, deficiência e contexto da moradia.
Histórias de vida - Dentre as vulnerabilidades trazidas pelo relatório que impactam na vida dos adolescentes, está a privação da convivência familiar e comunitária, abrangendo a condição de serem chefes de família. O baleiro Lucas Bahia, 17, há cinco meses não vive mais com os pais, e agora sustenta a casa em que mora com a namorada de 16 anos. A venda nos ônibus é a renda do casal, que daqui há três meses ganhará um filho. O rapaz vive na casa dada pela mãe e cursa o 1º ano do ensino médio. Lucas, que diz ter renda mensal “em torno de  R$ 900”, sonha em abrir o próprio negócio: “Uma bomboniere”.
Robson, 17, trabalha informalmente em dois estabelecimentos para manter a casa em que vive sozinho e ajudar nas despesas da mãe. “Dá para fazer de tudo um pouco, mas às vezes atrapalha, principalmente com as horas de lazer”, ele avalia.
Erasmo, 18, desde os 14 trabalha em uma oficina para ajudar em casa, e Renata, 16, teve que abandonar um curso profissionalizante para ser babá e pagar as contas.
“Essas funções vão fazer com que eles percam a fase da adolescência. Isso impacta, por exemplo, nos estudos”, preocupa-se a oficial de monitoramento e avaliação do Unicef, Cláudia Fernandes.
A legislação brasileira permite o trabalho antes dos 14 anos na modalidade de aprendizagem. Após os 14, além de aprendiz, o adolescente pode ser empregado, autônomo ou estagiário, mas só em atividades não degradantes e adequadas à faixa etária

Nenhum comentário:

Postar um comentário